Pediatra esclarece dúvidas sobre o uso da chupeta

Especialista ressalta que é possível a chupeta prejudicar o aleitamento materno. Trata-se de um bico artificial que, com outros dispositivos, podem levar ao desmame precoce por confusão de bicos

Recentemente, a influenciadora digital Virgínia Fonseca esteve no centro de um debate polêmico na rede social. Ela foi criticada por uma profissional de saúde ao dizer que ofereceu chupeta ao filho recém-nascido, José Leonardo. A pediatra Tássia Rodrigues (CRM-RJ 5290066-4 e RQE 29.815/29.816) afirma que o principal motivo para o uso da chupeta é a capacidade de acalentar o bebê. Ela conta que alguns estudos citam o efeito protetor contra a morte súbita do lactente por regular a respiração e acalmar.

Contudo, a médica destaca que a chupeta causa deformidade no desenvolvimento do palato (o nosso “céu da boca”), deformidades anatômicas e na musculatura da face. Além disso, a arcada dentária também pode sofrer alterações, levando a defeitos de oclusão, alterando o processo de mastigação, atraso de fala e risco de desmame precoce. “Alguns cuidados de higiene também precisam ser redobrados, pois o material da chupeta pode acumular germes e causar alterações na flora oral”, aponta.

Conforme a especialista, o impacto do uso da chupeta no desenvolvimento da fala da criança pode acontecer porque existe a presença de um objeto continuamente na cavidade oral, impactando substancialmente o desenvolvimento da fala, causando não somente atrasos propriamente ditos, mas alterações do desenvolvimento de determinados fonemas, levando a criança a pronúncia alterada.

Dra. Tássia Rodrigues – Foto divulgação

De acordo com Tássia, geralmente a sucção não nutritiva realizada através da chupeta causa dependência emocional porque traz a sensação de bem-estar. “Então uma criança que se desregula quando é oferecida chupeta, ficar um período sem, já é uma criança emocionalmente dependente dela”, comenta.

Alternativas à chupeta

Segundo a pediatra, a sucção é uma necessidade real do bebê. Ela reforça que é um reflexo primitivo que não só está relacionado com a nutrição em si, mas que o ajuda a se sentir seguro e acalentado. No entanto, a amamentação em livre demanda é a forma natural de permitir o acesso à sucção, sem que haja prejuízo ao desenvolvimento do palato e face. “Aos poucos vamos substituindo essa necessidade emocional da sucção por outras estratégias, como toque, acalento pela nossa voz, ou até mesmo objetos de transição que acalmem a criança”, finaliza.