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Compreenda a doença de Crohn

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O jornalista Evaristo Costa - Foto divulgação

São fatores de risco a genética (história familiar da doença aumenta o risco; idade (mais comum em pessoas entre 15 e 35 anos); etnia (mais frequente em caucasianos e judeus ashkenazi); tabagismo (fumantes têm maior risco de desenvolver a doença); ambiente (viver em áreas urbanas ou industrializadas pode aumentar o risco); dieta (ricas em gorduras saturadas e açúcares refinados podem aumentar o risco); uso de certos medicamentos (anti-inflamatórios não esteroides); estresse (pode exacerbar os sintomas, embora não seja uma causa direta)

O jornalista Evaristo Costa contou em suas redes sociais que emagreceu 22 quilos devido à doença de Crohn. O problema é caracterizado por inflamação crônica que pode ocorrer em qualquer parte do sistema digestivo, entretanto é mais comum atingir o intestino delgado e o cólon — porção do intestino grosso responsável por importantes funções, como a absorção de água, sais minerais e vitaminas.

Pesquisa divulgada em 2022, na revista científica The Lancet Regional Health — Americas, revela que no Brasil a incidência da doença de Crohn está aumentando a uma taxa de 12% ao ano. No país, as doenças inflamatórias intestinais (DII), incluindo a doença de Crohn, têm sido cada vez mais diagnosticadas. Conforme dados do Ministério da Saúde, a incidência pode chegar a cerca de 100 casos por 100 mil habitantes. Segundo a médica Flávia Cohen (CRM-RJ 52753270), o diagnóstico é um processo complexo que envolve várias etapas:

História clínica: o médico fará perguntas detalhadas sobre os sintomas, histórico médico familiar e estilo de vida.

Exame físico: inclui palpação abdominal e inspeção de possíveis fístulas ou abscessos.

Exames laboratoriais: hemograma completo (para verificar anemia e inflamação); marcadores inflamatórios (PCR e VHS) e coleta de fezes para descartar infecções e verificar calprotectina fecal.

Exames de imagem: colonoscopia com biópsia (padrão-ouro para diagnóstico); endoscopia digestiva alta; cápsula endoscópica (para visualizar o intestino delgado); ressonância magnética ou tomografia computadorizada para avaliar complicações e exames radiológicos como trânsito intestinal ou enterografia por tomografia ou ressonância.

Sintomas

A especialista aponta que os sintomas da doença de Crohn podem variar, mas geralmente incluem: diarreia crônica; dor abdominal (geralmente no quadrante inferior direito); fadiga; perda de peso não intencional; febre; sangramento retal; lesões perianais (fissuras, fístulas); aftas na boca; dores nas articulações; problemas de pele (eritema nodoso, pioderma gangrenoso); inflamação ocular (uveíte, episclerite).

Tratamento

Cohen lembra que o tratamento é individualizado e visa controlar a inflamação, aliviar os sintomas e prevenir complicações. No entanto, ela lista os principais:

Medicamentos: anti-inflamatórios (corticosteroides, aminossalicilatos); imunossupressores (azatioprina, metotrexato); biológicos (infliximabe, adalimumabe); antibióticos (para tratar infecções secundárias).

Nutrição: dieta adequada e, em alguns casos, nutrição enteral ou parenteral.

Cirurgia: em casos de complicações, como obstruções, fístulas ou abscessos.

Terapias complementares: probióticos, suplementos nutricionais.

Acompanhamento psicológico: para lidar com o estresse e impacto emocional da doença.

Doença grave

De acordo com a médica, a doença de Crohn é sem cura conhecida, impacta na qualidade de vida e afeta o dia a dia do paciente. Cohen comenta que as complicações são potencialmente graves, como obstruções intestinais, fístulas e abscessos, além de um risco aumentado de câncer colorretal, especialmente em casos de longa duração. Ademais, é possível haver desnutrição devido à má absorção de nutrientes, manifestações extra-intestinais, podendo atingir outros órgãos e o trato digestivo.

Dra. Flavia Cohen - Foto divulgação

Dra. Flavia Cohen – Foto divulgação

Como ressalta a especialista, a causa exata da doença de Crohn ainda não é totalmente compreendida, mas acredita-se que seja resultado de uma interação complexa entre:

Predisposição genética: genes específicos foram identificados como fatores de risco. Sistema imunológico desregulado: o sistema imune ataca o próprio trato digestivo. Fatores ambientais: dieta, estresse e exposição a certos patógenos.

Microbioma intestinal alterado: desequilíbrio na flora bacteriana intestinal.

Barreira intestinal comprometida: aumento da permeabilidade intestinal.

Resposta inflamatória anormal: o corpo não consegue “desligar” a resposta inflamatória adequadamente.

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