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Pesquisa do IBGE aponta que 40% dos brasileiros lidam com altos níveis de estresse diário

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A atriz Priscila Fantin - Foto divulgação

As consequências do estresse acarretam piora da qualidade de vida das pessoas e no envelhecimento de todo o organismo, gerando aumento de marcadores inflamatórios e aumentam os radicais livres que fazem o envelhecimento do corpo

De acordo com um estudo conduzido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 40% dos brasileiros relatam altos níveis de estresse diário. O índice mostra também uma tendência crescente, com 30% da população apresentando sintomas de ansiedade e 20% diagnosticados com transtornos relacionados ao estresse. A atriz Priscila Fantin, por exemplo, chegou a compartilhar nas redes sociais que teve febre, desmaiou e ficou hospitalizada por conta de estresse.

Segundo a médica Tassiana Rodrigues (CRM-SP 166.333 e RQE 104.253), o estresse é um estado gerado pela percepção de estímulos que perturbam a homeostase, isto é, provocam algum tipo de ameaça ao equilíbrio da saúde e levam o organismo a disparar um processo de adaptação caracterizado pelo aumento da secreção de adrenalina, com várias consequências sistêmicas. Ela reforça que o problema pode ser classificado em estresse agudo (aparece em situações pontuais) ou estresse crônico (quando sua causa não é resolvida e se torna persistente). Além disso, também pode ser classificado quanto à causa: estresse mental, emocional e físico (contempla estresse metabólico, inflamatório, oxidativo, isquêmico, alimentar, neuronal e microbioma intestinal).

Conforme Tassiana, na classificação internacional de doenças — CID-10 — o estresse consta como doença sob o código F43 — Reações ao “stress” grave e transtornos de adaptação. As subclasses incluem:

F430 — Reação aguda ao “stress”.

F431 — Estado de “stress” pós-traumático. F432 — Transtornos de adaptação.

F438 — Outras reações ao “stress” grave.

F439 — Reação não especificada a um “stress” grave.

Qualidade do sono

A médica diz que o estresse impacta na qualidade do sono, assim como a qualidade do sono também impacta o estresse — é uma via de mão dupla. Tassiana esclarece que o estresse da microbiota intestinal, estresse oxidativo e neuronal podem impactar na produção de serotonina e consequentemente de melatonina — hormônio liberado durante o sono. “Por outro lado, o indivíduo que sofre de estresse mental e/ou emocional pode apresentar distúrbios tanto na indução quanto na manutenção do sono, prejudicando as funções de reparo celular que acontecem durante esse período”, explica.

Sintomas característicos

Físicos: tensão muscular, especialmente no pescoço, ombros e costas; dores de cabeça; cansaço excessivo; problemas digestivos, como dor abdominal, diarreia ou constipação; alterações no sono (dificuldade para adormecer ou acordar frequentemente durante a noite); aumento na frequência cardíaca ou palpitações; sudorese excessiva; diminuição ou aumento do apetite.

Emocionais e psicológicos: sentimento constante de preocupação, ansiedade ou nervosismo; irritabilidade e mudanças de humor; dificuldade de concentração ou sensação de “mente vazia”; sensação de sobrecarga ou incapacidade de lidar com tarefas do dia a dia e falta de motivação ou energia.

Comportamentais: alterações nos hábitos alimentares (excesso de comida ou perda de apetite); uso de substâncias como álcool ou tabaco excessivamente; isolamento social ou fuga de responsabilidades; procrastinação ou dificuldades para tomar decisões.

Estresse envelhece

A especialista pontua que o estresse agudo, pontual, tem um impacto limitado, no entanto, o estresse recorrente ou crônico podem acelerar o processo de envelhecimento, uma vez que pode provocar a queda dos outros hormônios esteroides (estrogênio, progesterona e testosterona) levando até mesmo nas mulheres à menopausa precoce.

Dra. Tassi Alves - Foto divulgação

Dra. Tassi Alves – Foto divulgação

Tassiana ressalta que o estresse de baixa intensidade faz parte da vida, pois qualquer tipo de trabalho envolve a busca de soluções para problemas e muitas vezes a vida cotidiana pode ser estressante (trânsitos, filas, questões financeiras ou afetivas). “Precisamos desenvolver melhores habilidades para gerenciar o estresse e aprender a fazer escolhas mais favoráveis para a nossa saúde física, mental, social e espiritual”, recomenda.

Tratamento

A médica enfatiza que para toda e qualquer doença é fundamental conhecer e resolver as suas causas, seja um relacionamento tóxico ou uma carga excessiva de trabalho, é importante que o indivíduo exerça sua autorresponsabilidade para se libertar do que o adoece. Nesse sentido, como afirma Tassiana, é interessante haver uma abordagem de psicoterapia e comportamental. Ademais, uma boa alimentação vai impactar na microbiota intestinal e uma suplementação que dê suporte para a produção de energia e neurotransmissores — pontos que ficam deficientes em pessoas com estresse crônico.

De acordo com a especialista, no Burnout, o cortisol fica extremamente baixo e o indivíduo muitas vezes não tem forças nem para sair da cama. “No estresse agudo temos um aumento expressivo do cortisol. No estresse crônico temos a queda do cortisol e de outros hormônios esteroides, sendo que eles também podem ser suplementados, objetivando a melhora clínica do paciente”, finaliza.

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